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Falou o Senhor Dôtor Saltão. Agora é a vez do Senhor Dotôr Ratão. Disse o apresentador. A leitura do curriculum tinha ficado pelo princípio, quando uma voz grave modificou o ambiente fazendo parar o apresentador. Porra! Para quê stressar os outros com tudo isso, se viver é ‘empuxar e purrar’, sem parar, para frente e para trás. Zurrar, é que não, Stressembuxa e Burrifica. Finalizou, o seu discurso com a maior descontracção deste mundo, deixando o lugar frente ao palanque. Aplausos e mais aplausos encheram o espaço.
Um sujeito bem composto apareceu e com uma certa autoridade foi afastando os da frente até chegar ao lugar deixado vago. Perguntaram um ao outro o que esse homem iria ali fazer. Pediu e deram-no o microfone e arrancou o falatório. Minha gente, atenção, eu vou colocar dois pontos. Um. A minha Dôtóra morreu por falta de dôtor. E agora? Como arranjar uma besta nova? Dois. Morreu a fêmea e ficou o macho solteiro. Gilda, digo, cabra, como obter uma nova? Ficámos solteiros. Ambos. O espaço encharcou-se de ruidosos gritos e aplausos.
Nesse mesmo momento, veio do outro lado da bancada uma senhora fina e elegante, trajando um conjunto de cores muito bem combinadas, tomando o seu macaquinho no colo. Abria e atravessava a multidão sempre a gritar. Deixem-me passar. Por favor deixem-me passar... e começou: - Ouvi dizer que estão ali montes de dôtor, algum há de ser “veturinário” de confiança, isto é, que saiba medicar o meu fôfôkuxo. Arrebatou o microfone da mão do sujeito e desatou a falar com fadiga na voz. Gente, eu estou aflita. Aflitíssima. Ia viajar. Eu poderia até levá-lo, mas ele está com ‘xurrika’porque viu a Dôtóra morta. Longas gargalhadas e apupos tomaram conta do lugar.
Sem esperar muito, uma outra jovem senhora, simples e sorridente, carinhosa, vinda da multidão, aproveitou logo e pegou do microfone, segurando-o contra o peito, disse com ternura na voz: - amigos, alegra-me estar aqui no meio de gente ilustre. Todos sabem que asno é um animal intelectual e de intestino longo. E qual é o intelectual de intestino curtérrimo? A troca de olhares varreu o espaço em segundos. Piolho! Disse alguém! Falei em animal. Corrigiu a senhora. Ninguém chegou lá. Disse depois de inquirir com o olhar. O silêncio foi cortado por ela mesma. Corvo! É corvo, gente. Ele cobra e obra logo! Risos, aplausos, gargalhadas e ovações sem conta.
Assim fora resolvida a situação, encaminhando todos para um final feliz.
De repente, endireitei o pescoço, e acordei. O espaço virou totalmente outro. O pessoal dormia cada um do seu jeito no seu assento enquanto o lusimento trazia o alvor, para dentro da cabine. Disse para mim: “lindo, olha como é que essa hóstia laranja sorve a negrura, devagarinho, dando lugar ao claro”. Lá em baixo umas pintas acastanhadas em série de dois esperavam por mim. Jamais aqueles lábios pétreos se recusaram abraçar, sorrindo, para a tépida ternura do seu maramante. Adivinhem Rapazes? (KB)
2 comentários:
Alô, Kaká, qui tal?
Deixei-te um bilhete no meu cantinho. Para te fazer ciúmes eh eh eh.
Abraços,
Paulino
Ena pá! Deixado o parlamento a melhor coisa do dia foi ter descoberto no teu cantinho um belo bilhete. Vou lê-lo cuidadosamente e terás a minha reacção. Obrigado bróda. Abaços KB
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