quinta-feira, 25 de setembro de 2014

RAPIZIUS


RAPIZIUS
Já ouvi e encontrei a Osga Rosa no seu lugar de costume. Onde, não digo, para não haver sequestro. O meu dia começou bem, com a opereta matinal da Rosa Barbosa, sugestão da Profª. Gabriela Mariano.
Ora bem. Tenho estado a ler a opinião de políticos, 1/2 políticos, ¼ políticos, x/4 políticos sobre diversas matérias e sobre diversos aspectos que nos tocam, aqui na CV Lândia.
Para mim isto é assim:
Os políticos são como o Fogão Primo. Eleitos, são cozinha lavada, espalha fogo novo, bico novo, sola nova, petróleo coado, fogão limpo com solarina, desentupidor novo, ficando o fogão brilhante e cheio de esperança.
Depois, detesta-se o fogão e a cozinha e almeja-se tudo novo em folha.
Depois, fazem, fazem, fazem… e diz-se estar tudo na mesma.
Depois, falam, falam, falam … e olha-se para o lado oposto.
Depois, dizem pouco ou calam-se… e adormece-se como galinhas.
Tudo, porque aqui só se fala em desemprego e em dificuldades.
Tudo, porque aqui parece ser pátria do paternalismo.
Não se fala em trabalho e na valorização do trabalho. Contrariamente, na diáspora, trabalho é trabalho, intervalo é outra coisa.
Aqui a indiferença e a tolerância, por um lado, o paternalismo e o populismo, por outro lado, é doença colectiva que não deixa o indivíduo libertar-se por completo, descomplexar-se e encontrar-se consigo próprio, para se erigir como entidade pensante e autónoma e se auto transformar no tão falado cidadão laborioso. Ser arrojado é sentir-se autónomo. Fala-se muito em autonomia e empreendedorismo, o mesmo que auto empoderamento. Tretas. Ninguém é obrigado a dar trabalho a alguém. O trabalho procura-se e faz-se por conta própria. Enquanto o indivíduo se achar escravo do trabalho, enquanto não abraçar a profissão que escolheu e dominar o seu ofício, atola-se em lamúrias, ficando á espera do APOIO dos outros.
A minha OSGA é autónoma e só tem o meu respeito e carinho.
 

 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

RAPIZIUS


RAPIZIUS
Quando ouvi o barulho eram 03H16 da madrugada. Não chovia. Algo de vidro partiu-se. Acendi as luzes. Fui ver. Pistola pronto a disparar. Casa de banho, nada. Dois outros quartos de dormir, nada. Janelas da sala e da cozinha, nada. Parado diante do frigorífico, olhava á volta, a pensar estalo. Claro que senti vidro a estalar. Sono espantado, sentado na cadeirona, olhei o tecto, lá estava a minha Osga Rosa. Havia muito tempo não a via. Fiquei sem saber se era ela, irmã/ão ou filha/o. O certo é que estava rosadinha, gordinha, compridinha, destacada ao pé do cortinado creme rendado a tapar a janela. Apontei a pistola e falei para ela: - Ó! Coisa fofa! Não acredito que o barulho que ouvi foi arroto ou peido teu! Baixei a arma. De repente os olhos pararam na estante. Não estava lá a minha fotografia. Levantei-me. Pensei logo na história dos finados passeando pela casa dos poetas. Já os senti nos momentos de escrita a altas horas da noite. Um deles fez-se meu melhor amigo. Vejo-o sempre a andar de um lado para o outro, de camisa branca, calças cinza escura, sapato polimento, tipo professor na sala de aula, inquirindo o aluno. Sim, dizia, levantei-me, aproximei-me da estante, olhei na vertical até o chão, lá estava o quadro partido. Era isso. De fotografia na outra mão, olhei na direcção da Osga Rosa. Já não estava no sítio. Sabido do que tinha acontecido, falei para ela em voz alta. Quer dizer! Andaste á pesca e o abanão frenético da cauda fez-me tombar do sono e quase levavas um tiro. Doutra vez entraste no violão tirei-te de lá com muito cuidado para não te magoares. E hoje ia-te magoar no duro com uma bala. Mas pior seria não te acetar e o rodopio do projéctil em ricochete alojasse em mim, isto é, em lugar perigoso. O que farias? Eu morto e tu viva! Telefonavas? Osga Rosa! Osga Rosa!
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domingo, 21 de setembro de 2014

FLORIS D'IBYAGO


EQUINÓCIO

Entrei na porta grande deste sossego.
Bela é a viragem e lindo é o lugar.
Não tenho de olhar para baixo nem para o lado.
É para dentro.
Olhar o dentro volteando o eixo do tronco.
É para dentro.
Sempre para dentro o achar.
Nunca para cães ganindo a luz dos astros.
Não olhar o arrabalde.
Sempre dentro.
Onde não há amigo cão.
Tive um chamado Vírgula.
Amigo devoto do cheiro e dos trâmites da casa.
Sinto-me dentro.
Bem dentro.
Tudo é torneado como coração do violão.
Tudo é malva como aeração da água.
Quão bela recreação.

kb

 

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

RAPIZIUS

AO 12 DE SETEMBRO DIA DA NACIONALIDADE NA GUINÉ E EM CABO VERDE.
 
Lendo a entrevista publicada no JSN ficou-me na cabeça, não confusão, não novidades, mas sim contemplação, consequência da decapagem feita ao processo histórico de libertação nacional da Guiné e Cabo Verde, centralizado na figura Amílcar Cabral, para, cito: “nos aproximarmos mais dele” e tê-lo na nossa boca mais vezes.  

 “”Amílcar Cabral foi o pai do partido único, ou melhor, foi o mentor político e ideológico da ditadura que tivemos em Cabo Verde depois da independência. Isto é já um dado adquirido e indiscutível”.

Por conseguinte, temos pela frente um ditador.

“É do pensamento político de Cabral que saíram as sementes que permitiram, a 5 de julho de 1975, substituir no nosso país a ditadura salazarista pela ditadura autóctone, isto é, dos filhos da terra.”

Por conseguinte, o cantado herói do povo gerou as “sementes” da ditadura autóctone que substituiu o colonialismo.

 “Melhor dizendo, dos manuais cabralistas emerge a arquitectura política que serviu de base para a implantação do autoritarismo caboverdiano. Cabral foi um teórico de partido único. Escamoteá-lo é um erro histórico colossal.” Por conseguinte a “arquitectura política” cabralista é igual àquela do salazarismo. Houve é substituição de uma coisa por outra.

“Desenhou um Cabo Verde dirigido por um único partido. Por isso, trazê-lo hoje descuidadamente a Cabo Verde, um país democrático, requer muitos cuidados e tamanha ponderação.”

Por conseguinte Cabral, herói do povo, devia ser banido juntamente com a bandeira que idealizou logo após o 13 de Janeiro.

Então resta-me perguntar:

Que Cabral trazer para mais perto de nós?

O pai da libertação de Cabo Verde ou o pai da ditadura em Cabo Verde?

Mas foram os esquerdistas radicais de ontem formados nas escolas da ditadura de partidos revolucionários da europa, militantes do MRPP e da IV Internacional, Trokskistas, Maoístas, Comunistas, arquitectos do movimento operário crioulo, mentores da reforma agrária, agentes do saneamento na função pública e dos informadores da PIDE/DGS, compositores de baladas revolucionárias assentes no poder revolucionário dos trabalhadores contra o imperialismo e o capitalismo, os da bandeira vermelha de foice e martelo, todos eles militantes ferrenhos do partido único e altos dirigentes da ditadura em cabo Verde.

São eles, os saídos pelas portas traseiras do templo do centralismo democrático, que, hoje, viraram anti tiranos de primeira linha e democratas do grande hino á liberdade, quando ontem eram do planeta vermelho e nunca do azul d e hoje. Interessante. Sempre é bem-aventurado os arrependidos. Pois, não surpreende a escola da democracia nacional revolucionária, derreter-se em DEMOCRACIA pluralista, hoje, vigorando, contrapondo a escola da ditadura do partido único forjado por Amílcar Cabral, seguido pelos seus companheiros.

Cada vez mais entendo que em Cabo Verde há um Portugal especial. Tipo região autónoma, também, especial, onde boa parte das suas gentes vive no continente e a maioria nas ilhas, e dentro desta maioria das ilhas uma larga franja tem dupla nacionalidade, portanto, dupla adequação e duplo convívio.

Ocorreu-me o poeta Gabriel Mariano na morna…… navio di pedra ta busca rumo sem pode atcahal na se lugar… povu sangrado tchora quetinho, tchora bu sina, tchora maguado.

K. Barboza

sábado, 6 de setembro de 2014

RAPIZIUS


Copo leti é antónimo de Dajn Branko Dja. Porquê?
Bem pouco tempo atrás, mais propriamente nos anos oitenta, uma pessoa de categoria social mais baixa que convivia com outra de estatuto mais elevado, empregado comercial classificado ou funcionário público oficial, sentia-se bem posicionada em resultado do tipo de relações que mantinha a esse nível que, pelo sim pelo não, ajudava na aquisição de bons hábitos, das boas maneiras, inclusivamente, despertar a consciência da necessidade de pretender objectos e utensílios domésticos de mais valor e de boa serventia.
A letra da coladeira gravada pelos Bulimundo Djan Branco Dja, ilustra bem o que pretendo dizer. Veja-se por exemplo: bu ta dan cama, bu dan fogon, bu ta da sofá sima quel ki Sr. Txôtxo ta traze di Lisboa, afirmando, Djan Branco Dja, deixando antever que havia uma espécie de ambição de a pessoa lutar para obter um bom grau na sociedade, sabendo os níveis de pobreza doméstica a que muitos e muitas, dolorosamente, se submetiam. Djan Branco Dja não era apenas o chamado Conto Nobu, mas sim uma aquisição ou seja a pessoa auto promovia-se, desejando ser bem conceituada na comunidade.
O inverso é Copo Leti. Ontem, uma moça do Cobom contou-me que ao vir de um visita de morto, uma amiga convidou-a para o jantar. Como tinha trocado mãozada com várias pessoas, achou por bem dizer á amiga que ia á casa lavar as mãos e voltava num instante, tendo a anfitriã replicado no imediato. Então não precisas vir. Estás armada em Copo Leti. Tudo dito.
KB  

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

RAPIZIUS


RAPIZIUS
Tomado no asemana online:

Para Filomena Gonçalves (deputada da oposição) a solução para este flagelo (criminalidade em Cabo Verde) passa pela criação de políticas sociais ( como se não existissem) “que não exclui ninguém, que valoriza o mérito e que estimule a juventude cabo-verdiana a trabalhar”.

Que tabuleta bem ornamentada!
 "que não exclui ninguém"
 (ser do bando e ser bandido é opção de cada um)
 "que valoriza o mérito"
 ( Mérito? Num sistema viciado até o tutano falar de mérito é despremiar a própria palavra).
 "que estimule a juventude cabo-verdiana a trabalhar”.
 ( Trabalhar? Quem? Se trabalho é dinheiro txapo na mon).

 Meter estes chavões é faxi di más. BaSTa convocar o microfone.

 A hipocrisia e a falsidade é tanta nesta terra que gangues de bandidos, no entendimento dos políticos, dos comentaristas, dos estudiosos, dos pesquisadores, dos magistrados, dos policiais, dos governantes, a bandidagem não existe.

 São jovens e cidadãos em conflito com a lei, branqueamento lindíssimo que engrandece a constituição, as leis e a república inteira.

 Enquanto os que mais sofrem desmentem tudo isso chamando o gado pelo seu nome verdadeiro BANDIDOS, marginais, lúmpenes, adjectivos que qualificam a opção tomada e a profissão escolhida.

 Queiramos ou não aceitar. A escola de bandidos da Praia (gente sabida) vem gerando profissionais de alto nível técnico, todavia, discretos e com boa apresentação. A demagogia e a hipocrisia instaladas na tolerância sem princípios nos aproxima cada vez mais do terrorismo urbano. Cura? Existe. Cabra acasalado com Santxu.... ta pari kuza xúxu.. voz di povu.
KB 

RAPIZIUS

                                                                                                         MINHAS AMIZADES COM DIAHO ...