Armaram o palanque... é o “delírio dos porcos”, disse o
poeta da terra.
O branqueamento da história, dos acontecimentos, das origens,
do passado, do capital, da justiça, do socialismo, das revoluções, da pele, do
sexo, até das fezes, são necessidades dos tempos modernos, são necessidades dos
novos brancos da terra nos seus desejos de embranquiçamento a todo o custo.
Branquear o processo da luta de libertação dos povos
oprimidos por via luta armada é hoje vista como acto terrorista (como antes). As lutas, as reivindicações e os levantamentos populares são tidos, hoje, como actos
extremistas contra a paz social e desestabilização. Tenta-se acabar com a ideia de nações, de
povos, de identidades e de culturas e impor-se a aldeia dos obedientes.
A tomada do poder pelos movimentos de libertação em Africa
pela conquista da dignidade dos seus povos; a defesa da soberania o exercício do poder popular a negar o
servilismo social, o neocolonialismo e a ditadura da democracia liberal, virou
farsa; o assalto à esperança dos povos africanos, a sua condenação
ao sofrimento, à doença e à pobreza pelo próprios africanos vendidos a
interesses estranhos, virou apanágio do poder nativo; anestesiar a pátria (que o caboverdiano não tem) pelos
democratas brancos da terra com discursos, diversões e acções paternalistas,
virou glória;
É esta a nova aliança. A aliança embranquiçadora. É esta a missão em curso que
o branco da terra impõe como destino aos crioulos e ás ilhas anestesiadas pela esperança em melhores dia que não vêm. É a disfarçada ditadura pintada de democracia, - a tal dimokransa - hoje, defendida
pelos rabidantes no poder, constituindo verdadeiro assalto à autonomia do povo
e o seu direito à liberdade e o progresso social, económico e cultural.
É branquear o 5 de Julho, data maior da liberdade do povo
de Cabo Verde, e colocar o 13 de Janeiro, dia sem peso histórico, sem glória e sem alma, como data da nação, não passando ela de acto carnavalesco, sem que o trovador das ilhas a invocasse, alguma vez, num género musical seu, tal façanha. Não há vislumbre nem recordações de tais menções.
Não
celebro o dia 13 de Janeiro:
dia de não facto histórico;
dia do assalto às urnas e da fraude eleitoral;
dia da instalação da dimokransa e do liberalismo selvático;
dia da consagração da corrupção;
dia do projecto da destruição do PAICV;
dia de mascarar a liberdade;
dia da demagogia e da perseguição politica;
dia do hino sem chama patriótica;
dia da bandeira azul da negação à Africa;
dia da vinculação de Cabo Verde como neocolónia de Portugal;
Todos vão lá estar a fingirem pátria, a fingirem povo, a pintar a liberdade com as cores da hipocrisia.
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