SANTO ANTÃO, ILHA MAIÚSCULA
Foram quatro dias a
conhecer os três belos concelhos da Ilha de Santo Antão e a desfrutar da franqueza
e espirito acolhedor das gentes, na maior parte camponeses a reivindicar melhores
condições de vida e de renda, mas também a juventude e as mulheres membros das
associações comunitárias, idosos, professores, funcionários e empresários
agrícolas, colocando questões, propondo alternativas, que requeriam muitos
recursos financeiros e materiais.
Santo Antão é uma ilha
que pode prosperar depressa. Tem gente capaz, tem atracção, tem grandeza
territorial, tem infra-estruturas e tem o que não existe em lado algum: gente que
inventa vida sobre a pedra. Nas suas destacadas ribeiras o fumo vertical dos
trapiches ladeado pelo colorido claro do bagaço da cana sacarina é um símbolo
que faz da ilha Santo Milagreiro. Precisa é de autoridades competentes, de
convergência de interesses e organização das energias em torno de causas
comuns. Acredito que Ponta do Sol, Povoação e Paul sim que ligados pela estrada
do norte origina nova configuração nas relações comerciais, ajudando a comunicação
e as transacções, impulsos que mudarão para melhor a vida dos santantonenses, a
começar pelo encurtamento das distâncias entre as sedes administrativas, entre os
polos populacionais, o interior produtivo e o porto de vazão de mercadorias e
de passageiros, favorecendo o aumento de visitantes, gerando iniciativas,
criando conforto e segurança, além de conferir aos concelhos e à ilha maior
importância, mais nome e mais imagem dentro e fora do arquipélago. Santo Antão
é ilha, onde, com sabedoria, a tradição e a modernidade se rematam sem que uma
seja vítima da outra.
O convívio com as serranias,
os penhascos, os altos das penedias, as ribeiras, com os vales, os sítios, as
localidades, o paisagístico, sobretudo com a generosidade duma gente laboriosa,
acrescido dos muitos quilómetros de levadas coladas às íngremes ribanceiras, dos
milhares de metros cúbicos de murados tecidos à mão pelos varões da enxada reinventando
o chão molhado, os caminhos vicinais por passagens intrincadas, a lufa-lufa
diária dos obreiros e das mulheres carregadeiras de feixes de cana, a caminhada
dos meninos de escola e as alimárias de carreto, fazem com que a vida da ilha seja
autentica epopeia e demonstração exacta daquilo que o homem ilhéu é capaz de
realizar enquanto construtor e dono exclusivo do seu mundo. Foi, sem dúvidas,
uma grande jornada de estágio, de compreensão do todo nacional, pelo que em jeito
de conclusão, diria que a fecunda diversidade das ilhas e da sua cultura
tornam-nos maiores, bem maiores do que supomos.
Às residenciais,
aos restaurantes, aos acompanhantes, aos excelentes motoristas, aos músicos, ao
amigo anónimo o meu reconhecimento. Um abraço amigo ao Homero Fonseca. À
mãezinha Isabel Jardim em Ribeiras das Patas um beijo de amor e carinho, aos
amigos e amigas de Lagedos, aos professores, às cozinheiras a minha admiração e
respeito, às mulheres de “Môtxe” o meu apreço pela frontalidade das palavras e pela
amizade. A todos meus agradecimentos. Espero que as reivindicações pelo abastecimento
de água potável, melhor estrada e electrificação, mais emprego sejam atendidas a
breve trecho. Ao Ruizinho, à Natalina, à jovem Ondina e as senhoras de Cruzinha
a minha sincera gratidão e respeito. Obrigado a todos pela atenção e pela
amizade. Santo Antão é uma Ilha Maiúscula.
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