quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

RAPIZIUS - Santo Antão Ilha Maiúscula



                          SANTO ANTÃO, ILHA MAIÚSCULA

Foram quatro dias a conhecer os três belos concelhos da Ilha de Santo Antão e a desfrutar da franqueza e espirito acolhedor das gentes, na maior parte camponeses a reivindicar melhores condições de vida e de renda, mas também a juventude e as mulheres membros das associações comunitárias, idosos, professores, funcionários e empresários agrícolas, colocando questões, propondo alternativas, que requeriam muitos recursos financeiros e materiais.  
Santo Antão é uma ilha que pode prosperar depressa. Tem gente capaz, tem atracção, tem grandeza territorial, tem infra-estruturas e tem o que não existe em lado algum: gente que inventa vida sobre a pedra. Nas suas destacadas ribeiras o fumo vertical dos trapiches ladeado pelo colorido claro do bagaço da cana sacarina é um símbolo que faz da ilha Santo Milagreiro. Precisa é de autoridades competentes, de convergência de interesses e organização das energias em torno de causas comuns. Acredito que Ponta do Sol, Povoação e Paul sim que ligados pela estrada do norte origina nova configuração nas relações comerciais, ajudando a comunicação e as transacções, impulsos que mudarão para melhor a vida dos santantonenses, a começar pelo encurtamento das distâncias entre as sedes administrativas, entre os polos populacionais, o interior produtivo e o porto de vazão de mercadorias e de passageiros, favorecendo o aumento de visitantes, gerando iniciativas, criando conforto e segurança, além de conferir aos concelhos e à ilha maior importância, mais nome e mais imagem dentro e fora do arquipélago. Santo Antão é ilha, onde, com sabedoria, a tradição e a modernidade se rematam sem que uma seja vítima da outra.
O convívio com as serranias, os penhascos, os altos das penedias, as ribeiras, com os vales, os sítios, as localidades, o paisagístico, sobretudo com a generosidade duma gente laboriosa, acrescido dos muitos quilómetros de levadas coladas às íngremes ribanceiras, dos milhares de metros cúbicos de murados tecidos à mão pelos varões da enxada reinventando o chão molhado, os caminhos vicinais por passagens intrincadas, a lufa-lufa diária dos obreiros e das mulheres carregadeiras de feixes de cana, a caminhada dos meninos de escola e as alimárias de carreto, fazem com que a vida da ilha seja autentica epopeia e demonstração exacta daquilo que o homem ilhéu é capaz de realizar enquanto construtor e dono exclusivo do seu mundo. Foi, sem dúvidas, uma grande jornada de estágio, de compreensão do todo nacional, pelo que em jeito de conclusão, diria que a fecunda diversidade das ilhas e da sua cultura tornam-nos maiores, bem maiores do que supomos.  
Às residenciais, aos restaurantes, aos acompanhantes, aos excelentes motoristas, aos músicos, ao amigo anónimo o meu reconhecimento. Um abraço amigo ao Homero Fonseca. À mãezinha Isabel Jardim em Ribeiras das Patas um beijo de amor e carinho, aos amigos e amigas de Lagedos, aos professores, às cozinheiras a minha admiração e respeito, às mulheres de “Môtxe” o meu apreço pela frontalidade das palavras e pela amizade. A todos meus agradecimentos. Espero que as reivindicações pelo abastecimento de água potável, melhor estrada e electrificação, mais emprego sejam atendidas a breve trecho. Ao Ruizinho, à Natalina, à jovem Ondina e as senhoras de Cruzinha a minha sincera gratidão e respeito. Obrigado a todos pela atenção e pela amizade. Santo Antão é uma Ilha Maiúscula.  

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