A forma trivial como são trabalhados e apresentados alguns
programas ditos culturais na televisão em nada contribui para a educação da
sociedade, sobretudo dos juvenis e das crianças, que se quer democrática,
justa, solidária, instruída, culta e participante, não passando, tudo isso, de
intenções degastas. De tanto repeti-las ficaram sem crédito. De tanto
desacreditar, no túnel já não se vê olho de luz no fundo. Está-se perante um nó
cego na corda enrodilhada. Portanto uma encruzilhada difícil, porque
desorganizada e desacreditada.
O que fazer numa terra onde discordar do outro e ter opinião
própria é acção que dá brigas, destrinça e segregação?
O que pensar e o que dizer da democracia refractária e
intolerante instaladas no sistema, quando opinar é vazar água no binde?
Muda-se, tira-se, põe-se e fica-se pelos discursos anos a
fio, a justificar a falta de coragem e de saber para tomada decisões sérias que
dêem resultados palpáveis e oriente a sociedade para as boas práticas, mas não,
não acontece. O objectivo é manter o eleitorado animado e garantir votos nas
urnas, porque ter o poder nas mãos é ter estatuto social elevado e obter proveitos
calculados.
Os poderes públicos investem, fazem, esbanjam, discursam e
nada fica consolidado. As remodelações e as mudanças sempre tiveram lugar, umas
por revanchismo, outras em busca de resultados. Porém, o que acontece é que
cada partido detentor do poder escolhe galhos para os seus galos.
Se me perguntarem, digo que não existem conteúdos televisivos
consolidados, assim como não há procedimentos administrativos consolidados, nem
leis consolidadas. Há muita encenação e pouca consolidação. Não há um único
estabelecimento de ensino que instrua e oriente a juventude no sentido de
elevar sua formação intelectual, espiritual e nacional, prefere-se o genérico e
a recreação, porque preparar bons conteúdos dá trabalho e da maçada, toma tempo
e ninguém está para isso. Por isso há copianços e más imitações, daí, más
aprendizagens. O palco da televisão tornou-se lugar privilegiado e muitos dos que
lá vão comunicam sem arte e sem valor esclarecedor, quando não ficam por discursos
estéreis e ideias rebuscados que dificultam a compreensão do homem comum. Autenticidade
não é coisa do caboverdiano. Ele prefere sentar-se no muro e ver passar o rancho.
É próprio do cidadão refractário.
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