quarta-feira, 22 de setembro de 2010

DIVAGAÇÕES 1


Era no pendon di banana (tronco) que os meninos do meu tempo aprendiam a nadar no tanque de rega da Boa Entrada. Deste tronco mole seco saiam bons utensílios domésticos e muito apreciados antigamente. Dava para muitas e muitas coisas inclusive a esteira usada nos actos funerários cuja reza era durante uma semana, tradição muito forte em Santiago. Hoje, caida em desuso, de esteira objecto, ficou o nome que simboliza a casa enlutada.

É interessante como é que as coisas, os lugares, a terra, as plantas, os animais domésticos, as árvores, o céu e os fantasmas, são achados para fazerem parte do quotidiano, provocando e exercendo grandes influências sobre nós e as nossas vidas, regrando de certo modo a nossa forma de ser e de estar.

No meu tempo de menino a pessoa comparada a um corvo ralhava-se e refilava bastante a ponto de convidar o acusante para a briga, podendo a faca cantar mais alto durante a discussão. Hoje, não! Ser-se corvo é normal. Não é depreciativo. O corvo não brinca e nem se diverte. Diz-se que ele não farta por mais que mete comida dentro porque da goela à cloaca é uma coisa só. Passa milho e saía praga.

Os espantalhos que tomavam conta dos sítios semeados afugentavam nada estes faimadu, (esfomeados) porque são aves descaradas, daninhas e superlotadas de má fé, porque agoirentas, praguejadoras e nojentas. O corvo é vitima de praga da sua mãe. Corveja e diz quatro número que os antigos conotavam com as quatro asas de um caixão ou as quatro pontas do esquife apoiados nos ombros dos que o transportava para o cemitério.

Contrario, é o cão. Animal preferido, modesto e amigo que sabe guardar dentro de si as boas amizades. Ele não é atrevido, antes pelo contrário, é bastante prudente e desconfiado porque joga no seguro. Não gosta de ser enganado e de ser provocado. É tolerante, mas não é covarde. Nunca erra o dono e nem o caminho de casa. Os corvos, sim, jamais sabem de si porque erram arrepiando o caminho. Porém a bananeira frutifica e deixa o broto novo, enquanto o cão decifra o atalho, contudo o corvo delira no vai-vem. KB

1 comentário:

RC disse...

Olá
Acho que vou voltar aqui mais vezes...
Cordiais saudações, de Portugal.

RAPIZIUS

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