sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Cabo Verde na Morna


 Foi ontem às 18H30 horas, no Centro Cultural Portugues da Praia, a primeira apresentação pública do trabalho a solo da cantora Bia Sousa - Cabo Verde na Morna -.
A experiencia colhida no Simentera revelou-se ser muito útil para a cantora, a começar pela boa escolha que ela fez dos autores das músicas que interpretou, sendo eles Umbertona, Mario Lúcio, Antero Simas, Norberto Tavares, Luis Fonseca, Kaka Barboza,Vuca Pinheiro, José Silva e Santos. É um trabalho notório. A mim o que mais me agradou é o cuidado que ela teve em procurar os autores das músicas e deles obter a letra e a melodia originais. Há muitos registos que ficaram truncados porque o intérprete não se deu ao trabalho de procurar a letra original junto do autor, obtendo-a de ouvido ou passado por algúem desprevenido. O mesmo acontece com a melodia, facto que embaraça e adultera a obra. Não deixa de ser um desleixo do cantor.

A extraordinária morna - Morna Nobu de Luis Fonseca - é um caso flagrante. O tema original ouvido ontem tem pouco a ver com o que Nho Baltas e o Bana gravaram. Esta morna foi cantada por ZeZé Aguiar em Assomada nos finais dos anos sessenta e aprendida com o autor na prisão. Pode ser que naquela altura da clandestinidade por a letra da morna ter sido mal fixada na cabeça sofreu deturpações, acabando por ficar registada da forma como foi o que só agora com Bia Sousa é tida na sua forma original. (Excelente trabalho Luís Fonseca).

Gostei da Bia Sousa. Ela procurou ser muito séria no que fez. Gostei muito da forma com interpretou a morna Nha Terra Aonte e Aoje feita por mim e gravada pelos Tubarões. Fez-me recordar o ambiente de Mindelo nessa altura. Senti que ela dedicou-se muito. Talvez, seja pelo facto de nos conhecermos ainda em Mindelo - Fonte Cônego - onde morava (1970) a “ Bia de Nhô Kobe” aquela menininha basofinha, amiga e colega de escola da minha mulher.

Pois, Bia, desejo-te boa venda do disco e que as rádios saibam tirar bom proveito desta tua contribuição musical.
Tu não precisavas da sala cheia, mas sim de pessoas amigas e apreciadoras do teu talento e da tua simplicidade a cantar. Vi que estavas um pouco nervosa. Mas estávamos todos ali contigo. Então! Claro que no Simentera a malta se afinava pelo companheirismo selado com o bom vinho servido pelo maestro Mário Lúcio que pedia relax antes das atuações.
Que saudades. Se houve Simentera agora está-se a colhetar. Chegará a minha vez de partilhar convosco os meus inéditos. Kb


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