Caros Blogantis
Alguns de vós deram-se ao trabalho de me brindar com boas vindas ao “universo da blogosfera”, desejando boa companhia e muita aparição. Agradeço-vos muito e espero, sinceramente, não vos privar com os meus partos. Nunca prego enferrujado, serei.
Meus caros amigos, um pastor de estrelas alimenta-se de crepúsculos; um estudante é um aprendisando; difícil é ser-se um (re)Virante do Som, trás acordos e acordes outros.
Deveras, não sei se no Univ-Blogosfera, entrei. Todavia se tal existe e se assim for, saboreá-lo-ei fatia a fatia com as pupilas duma esferográfica e sem fecho antecipado, gosto, vou gostando.
Mas, amigos, qual linha editorial e em no me do quê, qual sujeição, qual quê!... se já disse “quero viver com brio ta matxika sanzala, pastoreando as estrelas e criando ocasos”.
Vem para a página o produto da minha oficina e nada mais. A matéria-prima sei eu escolhe-la. Nela, de avental de pele de boi, bigorna, martelo, fogo duro da forja, lavro a palavra até ser falo, para fecundar a pele mole da memória dos outros. Assevero-vos: Um dia, num dos terríveis cercos que a vida me impôs, tranquilo desenlacei-me e deduzi sem o auxílio de ninguém que não era e nem foi preciso inspirar-me na coragem alheia para me valer da minha.
Portanto, companheiros, aceitem este varão que respeita o que cria e a criatividade dos demais. Bênção, se de Deus ou do Diabo, não importa a mão, na minha cabeça a minha boina. Sei que sou para cumprir a minha tarefa, aliás, tenho vindo a cumpri-la diazá, e fá-lo-ei com orgulho dentro ou fora de qualquer corpo. Bloguizo, e espero comentários e não pouparei os meus a temas que me são caros, mesmo expondo a minha palavra diante da imperante.
Vamos a um assunto: Eu ouvi bem, e muito bem, há dias na TCV, tudo o que se disse e se escreveu à posteriori (cafémargoso) acerca do estádio da nossa cultura em relação à inclusão, (igual a abrangimento) (rejeito graduação, inclusão sim porque pode haver exclusão) do nosso país no rol dos de rendimento médio. Reparem que não autoclassificámos, mas sim determinadas bitolas ponderadas pelos outros ditaram-nos tal condição. Se a bitola construída se aplica num e noutros casos não, a estória é outra. Mas, todos nós sabemos que, cá dentro há muita desafinação, há muita coisa bóss, muita omissão. Está-se a edificar um conjunto de urgências. Agora, quem confere o quê? Quem direcciona o quê? Existem mentes disponíveis? Há muita farrompa e comparência com resultados, pouca. Lava-se muito as mãos, mas para lavrar interesses …!...? ponto final. Não esqueçamos. Hoje, tudu é como um clik, tempo de sedimentação escasso. Parte-se sempre para a outra porque a novidade diz que é assim, assado e cozido e as coisas ficam no ar como nuvens de azágua atrasada.
O Mário esteve contido, esperava mais dele, contudo frisou e muito bem que: «conversa sobre a cultura não é fazer cultura». Pois, bem, uma sociedade ciente da sua cultura sabe que evolução não é saltar coisa nenhuma, não é queimar etapas, não há velho para o fogo e o novo a surgir do nada. A cultura vem de nós próprios, do homem cru que temos, a todo o tempo. Agora, falar de uma elite cultural nacional actual forte e actuante, capaz de impor outra vida à cultura, a ponto de provocar o aparecimento do novo tal como aconteceu com o grupo claridoso, ainda está para comparecer. O Leão ponderou algumas questões com equidade e João Branco foi o mais arrojado. Sendo a cultura, não a política cultural, um campo vasto e arrebatador, o jornalista, entre conferir o canhenho e dinamizar o debate, não pôde, com desenvoltura, devolver para ninguém certas réplicas pertinentes. Humbertona ficou-se pelos percursos e cursos actuais da nossa música.
Não queria, mas digo isto, a Associação dos Escritores, e outras cívicas, são órfãs, sem amparo dos seus membros, sem a vitalidade desejada, a patinar porque gente nova não quer participar e nem tomar conta delas. No entanto proliferam escribas e fazedores de tudo de toda a sorte e calibre. Ninguém tem tempo; não há tertúlias; literatura é para magnatas e música é animação nas discotecas e pintura e outras artes não têm público… e sempre os mesmos à volta das mesmas coisas…e as mesmas soncices crioulas. Há espaços, sim, com teias de aranha. Reivindica-se a emancipação, fala-se do faltante, mas no fundo a borra diz-me que há fantasmas por aí.
Há outro caminho. Sejamos nós, hoje, a fazer isso, sem sangrar a cabeça (post do Abrão). «Omi ka ta sotadu pa é toma ton. Ton ki ta toma-l». O Leão falou bem: «não temos quem tomar em mãos os produtos culturais para criar mercado, valorizando o trabalho dos artistas no geral». Eu digo mais: «correr nunca atrás de nenhum, mas sim existirmos criativos e fiéis à arte de produzir ARTE.
Ante este particular, precisamos é de poder forçar o advento de um campo para crítica, para nos familiarizarmos com o oposto, pressionando os apresentadores das obras a serem críticos. Assim, sim, a cultura e adjacentes terão movimento de rotação e de translação, haverá dia e noite todos os dias, luz e ausência dela igualmente para todos, conforme o ponto em que o observador se acha.
Outrossim, uma renovada cadeia de diálogo inter-cultural, constituída em redes de interesse, para se provocar certos rompimentos (ordeiros) como forma de se sair do entendimento médio para o de nível superior, precisa-se, porque; amparar no furado é semear grãos ao vento.
Kaka Barboza
Alguns de vós deram-se ao trabalho de me brindar com boas vindas ao “universo da blogosfera”, desejando boa companhia e muita aparição. Agradeço-vos muito e espero, sinceramente, não vos privar com os meus partos. Nunca prego enferrujado, serei.
Meus caros amigos, um pastor de estrelas alimenta-se de crepúsculos; um estudante é um aprendisando; difícil é ser-se um (re)Virante do Som, trás acordos e acordes outros.
Deveras, não sei se no Univ-Blogosfera, entrei. Todavia se tal existe e se assim for, saboreá-lo-ei fatia a fatia com as pupilas duma esferográfica e sem fecho antecipado, gosto, vou gostando.
Mas, amigos, qual linha editorial e em no me do quê, qual sujeição, qual quê!... se já disse “quero viver com brio ta matxika sanzala, pastoreando as estrelas e criando ocasos”.
Vem para a página o produto da minha oficina e nada mais. A matéria-prima sei eu escolhe-la. Nela, de avental de pele de boi, bigorna, martelo, fogo duro da forja, lavro a palavra até ser falo, para fecundar a pele mole da memória dos outros. Assevero-vos: Um dia, num dos terríveis cercos que a vida me impôs, tranquilo desenlacei-me e deduzi sem o auxílio de ninguém que não era e nem foi preciso inspirar-me na coragem alheia para me valer da minha.
Portanto, companheiros, aceitem este varão que respeita o que cria e a criatividade dos demais. Bênção, se de Deus ou do Diabo, não importa a mão, na minha cabeça a minha boina. Sei que sou para cumprir a minha tarefa, aliás, tenho vindo a cumpri-la diazá, e fá-lo-ei com orgulho dentro ou fora de qualquer corpo. Bloguizo, e espero comentários e não pouparei os meus a temas que me são caros, mesmo expondo a minha palavra diante da imperante.
Vamos a um assunto: Eu ouvi bem, e muito bem, há dias na TCV, tudo o que se disse e se escreveu à posteriori (cafémargoso) acerca do estádio da nossa cultura em relação à inclusão, (igual a abrangimento) (rejeito graduação, inclusão sim porque pode haver exclusão) do nosso país no rol dos de rendimento médio. Reparem que não autoclassificámos, mas sim determinadas bitolas ponderadas pelos outros ditaram-nos tal condição. Se a bitola construída se aplica num e noutros casos não, a estória é outra. Mas, todos nós sabemos que, cá dentro há muita desafinação, há muita coisa bóss, muita omissão. Está-se a edificar um conjunto de urgências. Agora, quem confere o quê? Quem direcciona o quê? Existem mentes disponíveis? Há muita farrompa e comparência com resultados, pouca. Lava-se muito as mãos, mas para lavrar interesses …!...? ponto final. Não esqueçamos. Hoje, tudu é como um clik, tempo de sedimentação escasso. Parte-se sempre para a outra porque a novidade diz que é assim, assado e cozido e as coisas ficam no ar como nuvens de azágua atrasada.
O Mário esteve contido, esperava mais dele, contudo frisou e muito bem que: «conversa sobre a cultura não é fazer cultura». Pois, bem, uma sociedade ciente da sua cultura sabe que evolução não é saltar coisa nenhuma, não é queimar etapas, não há velho para o fogo e o novo a surgir do nada. A cultura vem de nós próprios, do homem cru que temos, a todo o tempo. Agora, falar de uma elite cultural nacional actual forte e actuante, capaz de impor outra vida à cultura, a ponto de provocar o aparecimento do novo tal como aconteceu com o grupo claridoso, ainda está para comparecer. O Leão ponderou algumas questões com equidade e João Branco foi o mais arrojado. Sendo a cultura, não a política cultural, um campo vasto e arrebatador, o jornalista, entre conferir o canhenho e dinamizar o debate, não pôde, com desenvoltura, devolver para ninguém certas réplicas pertinentes. Humbertona ficou-se pelos percursos e cursos actuais da nossa música.
Não queria, mas digo isto, a Associação dos Escritores, e outras cívicas, são órfãs, sem amparo dos seus membros, sem a vitalidade desejada, a patinar porque gente nova não quer participar e nem tomar conta delas. No entanto proliferam escribas e fazedores de tudo de toda a sorte e calibre. Ninguém tem tempo; não há tertúlias; literatura é para magnatas e música é animação nas discotecas e pintura e outras artes não têm público… e sempre os mesmos à volta das mesmas coisas…e as mesmas soncices crioulas. Há espaços, sim, com teias de aranha. Reivindica-se a emancipação, fala-se do faltante, mas no fundo a borra diz-me que há fantasmas por aí.
Há outro caminho. Sejamos nós, hoje, a fazer isso, sem sangrar a cabeça (post do Abrão). «Omi ka ta sotadu pa é toma ton. Ton ki ta toma-l». O Leão falou bem: «não temos quem tomar em mãos os produtos culturais para criar mercado, valorizando o trabalho dos artistas no geral». Eu digo mais: «correr nunca atrás de nenhum, mas sim existirmos criativos e fiéis à arte de produzir ARTE.
Ante este particular, precisamos é de poder forçar o advento de um campo para crítica, para nos familiarizarmos com o oposto, pressionando os apresentadores das obras a serem críticos. Assim, sim, a cultura e adjacentes terão movimento de rotação e de translação, haverá dia e noite todos os dias, luz e ausência dela igualmente para todos, conforme o ponto em que o observador se acha.
Outrossim, uma renovada cadeia de diálogo inter-cultural, constituída em redes de interesse, para se provocar certos rompimentos (ordeiros) como forma de se sair do entendimento médio para o de nível superior, precisa-se, porque; amparar no furado é semear grãos ao vento.
Kaka Barboza
3 comentários:
É só para te dizer que gosto muito da tua música. Lembro quando era criança de sintonizar a nossa querida TVEC, na altura uma novidade, e de vê-lo tocar e cantar "trabadja bo studa leba cabo verdi pa dianti (...)" tcheu sodade dess temp sabim pa fronta...! Para mim a tua música "Democrança" é uma das melhores canções feitas nos últimos 5/10 anos no nosso torão querido, e o melhor de 2006 e 2007.
Abraço de um grande admirador seu.
Grande texto, caro Kaká. Vais já tomar um café margoso lá na secçao dos «plágios».
Un t'esperá bo ka t'importá!
Abraço
João Branco
Bom, antes de ir para considerações sobre este post, revejo-me plenamente no que disse este teu admirador anónimo aqui em cima: a música demokransa é um primor. E mais, não me canso de ouvir a música e a letra "kor di fodjada" presente no album do Nhonho.
Bem, quanto ao post, plagiando o João Branco, "grande texto"! De facto, do que eu percebi, a ideia da falta de acção e de participação na sustentação e sustentabilidade da criação artistico-cultural deve ser mais debatida, por um lado , e por outro, é necessário desenvolver o espírito da excelência e da qualidade pela via da crítica séria e edificante.
De todo o modo, eu sou optimista em relação ao futuro.
Um abraço.
PS: Ainda tens dúvidas que és um membro de pleno direito da blogosfera nacional??!
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