sexta-feira, 10 de junho de 2016

10 de Junho - Dia do Santo de Casa

Está escrito que Jesus disse ter saído de sua terra por que nela ninguém acreditava que ele era o profeta, pois, teve de sair dali para se firmar.

É interessante esse fenómeno, quanto mais íntimo é alguém menos acreditamos em seus conhecimentos! Fiquei pensando se isso não é um reflexo de nossa própria desvalorização. Temos uma ideia internalizada de menos valia. Acreditamos lá no fundo que não somos grande coisa, sabemos que não conhecemos tudo, então projectamos isso em nossos pares, desconfiamos de seus dotes, não botamos fé nele ” extracto de um texto lido na internet.
Ora bem, há dias li uma declaração no FB que dizia que não fomos colonizados. Logo Cabo Verde não foi Colónia, mas sim, província portuguesa, como tal, produto europeu, portanto, crioulos ibéricos de sangue hibrido, em razão da frequência de brancos, de mestiços, de pardos e de negros, vivendo em perfeita harmonia na bendita província islenha do alto mar. 
Assim, as ilhas tropicais do Cabo Verde, extensão de terra africana - Senegal - dizia, não sendo Colónia, por força do Não de um catedrático crioulo, membro dos novos brancos eruditos da terra, o arquipélago da costa ocidental africana era província ultramarina portuguesa por culpa de Dom Afonso V que á pátria mãe deu umas nesgas de terra esfrangalhada no meio do mar, a caminho de norte para o sul, tornada em província especial, terra conquistada aos ventos, colocada estrategicamente à deriva no meio do oceano pelos deuses, pedaço que o poeta Gabriel Mariano cantou em versos “navio de pedra sulcando mares, buscando o rumo sem o poder encontrar no seu lugar”.
 Não existindo colónia de Cabo Verde, por conseguinte, não houve colonização. Éramos e somos ilhéus ibéricos. Uma província bem cuidada e protegida pela mãe pátria metropolitana, sendo, para todos os efeitos, a luta de libertação das ilhas do colonialismo um equívoco muito grande. Dito de outra forma, Amílcar Cabral devia ter tido outro procedimento em relação à província crioula que nos viu nascer. Ele devia ser aquele aluno distinto e homem formado na metrópole, escusado de ser africano e viver bem ao lado dos brancos do regime pátrio, pátria tutela das províncias ultramarinas de Minho a Timor. 
Será que hoje o homem crioulo não finge ser ele no outro que criou para si?
Acredito que o ponto forte do ser crioulo de hoje é a sua condição de “santo bastardo” que não faz e não deixa acontecer milagres na sua própria terra. Ele é Santo que só tem história para contar nos momentos de sexo fortuito ou de embriaguez dos momentos extasie e de dificuldade, sendo, para todos os efeitos, como ele se manifesta, o resultado duma falha, a falha do “inconseguimento”. 
Se calhar por vivermos muito próximos uns dos outros aprendemos a não confiar na falha por razões plausíveis. O homem crioulo não dá conta que erra tanto. Acha que não erra em coisa nenhuma. A impressão de que ele não erra em nada, leva-lhe a achar que, quem erra é o vizinho ao lado, o mesmo que dizer, que acha mais verde o jardim alheio que o seu que cuida. Daí, ele, estar convencido de que, por mais evidente e milagreiro seja o Santo de Casa, o verdadeiro, com quem ele convive vinte e quatro horas por dia, dá por sagrado o Santo de Fora, atribuindo imperfeição ao seu, sabendo que não existe Santo que não se engane diante do homem perfeito. Será que auto examinar é subvertimento! 

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RAPIZIUS

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