Após viver 11 Carnavais em São Vicente (1968-1979) julgo ter uma opinião acerca do Brincar o Carnaval, tanto em Mindelo como na Praia.
Mindelo por ser uma cidade com habitos urbanos antigos absorveu e bem o essencial de culturas trazidas pelos muitos habitantes, digo habitantes de outras paragens, que ali deixaram as suas legações e que os mindelenses incorporaram e criolizaram.
Houve tempo em que Praia teve o seu Carnaval, e, diga-se, com muito nível, que, hoje, apenas residuos constatamos, justamente porque houve um vazio, isto é, a cúpula organizadora deixou de existir e o carnaval apagou-se longamente no tempo. Há algum esforço para se recuperar o Carnaval que a Praia merece. Mas há algo a impedir que isso aconteça. Primeiro, organização, segundo, preparação tempestiva e, terceiro, adesão consciente dos que vêm no Carnaval uma forma de expressão artística. No meio disso tudo há o que eu chamaria de inibição do espírito, fenómeno gerador da ideia da incompatibiliade, quer dizer o "aristocráta" é povo quando lhe convém, quando não é COPU LETI no dizer deste mesmo povo.
Durante muitos anos, a quarta-feira de cinzas, por razões religiosas e outras, se sobrepôs à terça-feira do Carnaval, e jogar com estas duas situações foi e está sendo difícil, e não sei dizer para quando HAVERÁ um Carnaval à Praia, isto é, um Carnaval que dê mais sentido artistico e cultural a o que, de ano para ano, se experimenta com os incipientes grupos carnavalescos da capital.
Nho DÔI, o fundador do Grupo Carnavalesco Mindelense, VINDOS DE ORIENTE, do qual eu pertencia, quando vivia em Mindelo, radica-se de há alguns anos para cá na Praia. Este ano, o sanvicentino prometeu realizar um Carnaval na Praia à semelhança do de Sâo Vicente e, para tal, criou um núcleo fundador, distribuindo convites e correspondencias a várias entidades para subsidiarem o programa e convidando cerca de 600 pessoas para integrarem a proposta do grupo ESTRELA DA MARINHA, tudo isso pensado e feito em Dezembro, último.
Mas acontece que, até hoje, o homem não teve a resposta desejada, nem dos contactados (apoiantes), nem dos convidados para integrarem o grupo (rapazes e raparigas). Fiz as músicas - Samba e Marcha - os ensaios são frequentados por adolescentes e crianças. Ainda não há músicos, quer dizer, banda de suporte musical nos ensaios e para o dia da apresentação.
Das duas, uma: não acreditam no homem por desconhecimento do seu corriculum carnavalesco ou acham-no pouco para realizar o programa que inclue andores com muita exigência artística. Continuo a achar que, quanto à realização de um bom Carnaval na Praia, diria, um Carnaval não com as carecteristica do de Sâo Vicente, mas que tivesse o que Santiago e Praia oferecem em termos de motivos para incorporar esse grande evento cultural, está longe de acontecer.
Fico na minha. Aqui, prima-se pela BATUCADA, com participação improvisada de passeantes e curiosos em DETRIMENTO da adesão atempada de integrantes nos grupos que a acontecer de forma organizada engrandecia cívica e culturalmente o Carnaval da Praia. Fico para registar o que nos reserva o Carnaval Praiense de 2012.
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