Diz-se que somos um pequeno estado de uma grande nação e de alma do tamanho do mundo. Mas o que se faz, se diz e acontece cá dentro leva-me a crer que, de facto, o que temos é boca grande por onde é capaz de passar em cheia toda água existente na face do globo.
E alma?
Ela é pequena, pequena mesmo, do tamanho de um pássaro no pomar dos nossos sonhos.
A nossa alma finge-se grande quando se afirma que somos um país aberto ao mundo e como tal tudo vem cá ter porque estamos lá, na aldeia global, onde tudo é pertinho, á distancia de um clic, e, prontos, decidido está…. estamos inseridos, estamos conectados, estamos abrangidos etc. e tal. Tudo bem. Ficou dito, portanto, somos os maiores entre os grandes.
O diabo é que andamos divertidos com o zouk love, o hip-hop e outras propagandas imbecis que desviam os reais interesses das pessoas e do país no geral e nem damos conta de que a nossa alma fica sem tempo de se sentir ela mesma, tudo porque somos abertos e porque somos cidadãos do mundo de corpo inteiro.
No entanto como a alma dos nossos combatentes e heróis da pátria é pequena; como não temos generais que defenderam com alma os ideais da pátria; como os nossos poetas e escritores são desalmados; como a própria bandeira e o hino não têm alma, e, finalmente, como de dia somos a alma do pássaro e à noite a dos outros, continuaremos pássaro que voa dentro de nós a renúncia ao seu próprio ninho e seremos barco que de manhã aporta e à tarde devolve-se à longa jornada aventureira.
Por esses andares as estátuas de Diogo Gomes e António Noli vão ser alma da Cidade Velha e na Praia Nelson Mandela alma do AIP e almejo para mim um cantinho na própria terra quando o meu pássaro deixar de voar.
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