SONETO PARA O ASTROLÁBIO
Quem ousa chamar-me de tosco
Se o que sou são apenas marés
Que em mim vive e me treslouca
E ondula como vento nas galés
Viver traz-me sonhos e desvairos
Apraz-me ser o arredado vitalício
No longínquo paradeiro de leigos
Sem mercês nem dogmas e vícios
Desconsolei-me ter visto a cabra
Que conduzia nas tetas pendidas
A saudade do pastejo de outrora
Do pastor mal se ouvia o trác-trác
Do cajado por entre as penedias
De lado em lado de flora em flora
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