sexta-feira, 16 de junho de 2017

Txabeta Em Estado de Alerta

                                                         
                                                        
                                                               Txabeta em Estado de Alerta

Amputado de um pé, sem poder mexer, sem reconhecer direito um amigo, só na maior parte do dia, vigiado pela mulher e pela vizinha Mery que cuida da higiene dele, de-longe-em-longe uma visitinha de amigos de outras paragens, em detrimento dos de São Domingos. 
O ditado bíblico é vero e severo ao mencionar que ninguém é profeta na sua terra. Denti d'Oro é grande por conta própria. Dispensa altares. Ontem vim de lá triste e chocado. Antoni Denti d’Oro está ali, encolhido nos seus 91 anos de idade, por conta de um silêncio trágico e perturbador. Ele reconheceu-me. 
Os olhos dele faiscavam como lamparinas nos terreiros onde improvisava refrão do batuko, onde exaltava as máximas populares no seu invulgar finason, o brilho baço dos seus olhos pareciam de alegria, daquela que denuncia dever cumprido, da que consuma o reconhecimento por parte de tantos quantos o admira, o visita, o apoia e o dá o merecido valor de um santiaguense destacado, que tem nome e figura espalhados pelo mundo. 
O momento critica em que esta lenda do Batuko e do Finason, em que esta figura carismática de São Domingos, em que este talentoso mestre cursado na escola da vida atravessa, põe a Txabeta em Estado de Alerta, põe todas as formações do batuko em stand by, põe todos os amigos e admiradores em estado de vigilância, põe São Domingos, em particular, em cautela permanente, põe santiago em posição de guarda. 
Quando morre um grande, tardiamente, levantam-se vozes de todos os tipos, incluindo a dos familiares, a lamentar dores que não sentiu, outras em elogios fúnebres a enaltecer por umas horas e alguns minutos os feitos, as obras, o valor do seu papel social e outras ficções que os figurões delineiam no papel para empolgar os discursos e alçar o colarinho. 
No entanto, o grande, em estado de padecimento, não tem dos mesmos um recado, um caldo, um sabonete, um olhar, uns minutos de visita, por falta de interesse e ignorância, mas nunca por lhes faltar tempo. Antóni Denti d’Oru precisa, neste momento, da presença e do olhar amigo mais do que qualquer outra dádiva. Saber dele tem importância e dimensão humana, tem a grandeza da sua obra. Sei que dos Estados Unidos, de Portugal, da França, da Holanda, amigos nacionais e estrangeiros ligam a saber do seu estado de saúde. A Mery atende pelo telefone 996 16 54.   

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RAPIZIUS

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