ESTE VÓMITO FOI-ME DEDICADO PELO GRANDE ESCRITOR E POETA
LUSO-CRIOULO - JOSÉ LUIS TAVARES - DOMINADOR DA LÍNGUA DE BOCAGE E EXÍMIA PENA
CAÇADORA DE PRÉMIOS LITERÁRIOS.
QUANDO A ALMA É PRISIONEIRA DA COR DA PELE A BÍLIS É
FRUSTRAÇÃO ESCRAVOCRATA.
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RESCALDO E REFUGO DA DESINFESTAÇÃO (OU COMO UMA RATAZANA DEU
À COSTA EM FORMA DE KAKA OU CAGALHÃO, QUE É A SUA ESTIRPE MAIS NOJENTA)
José Luiz Tavares
Eu tinha prometido a mim mesmo não voltar, por nada deste
mundo, à desinfestante matéria, mas como o biltre teve a desfaçatez pusilânime
de tomar as dores da comparsa (que também são um tanto suas, porquanto sempre
foi capacho e serventuário de poderes), cá vai um tirinho, apenas para agitar o
esgoto. Mas esta é uma não resposta, porquanto um flato fedorento não contém
qualquer substância digna da varredura desratizante da minha pena indignada. E
também não é um debate de ideias, ainda que viril. É apenas un trotxada, di kes
d'un bes.
(Essa gente é louca ou masoquista, ou as duas coisas juntas?
Não sabem que quando se armam em santxu matxu ô femia ku mi a única atitude
higiénica e cidadã que concebo é baixar desmedida cacetada neles como se não
houvesse amanhã? Podem planear patuscas celebrações, manifestações de
desagravo, congeminar ou patrocinar peidos como esse, bolçar a raiva impotente
aos ouvidos de afectos e desafectos, que a minha determinação não esmorece nem
vacila).
A sua posta, não de pescada, mas de merda regurgitada, é o
inexaurível retrato da sua pusilanimidade cívica e da sua covardia moral. É
certo que, apanhados pela desinfestante bomba, foram pressurosamente a correr
com as calças e cullotes borradas de diluviana caganeira tentar atolar de merda
a caixa de comentários do online onde o meu texto/manifesto foi publicado.
Reacção previsível, por isso foram barrados à entrada. Mas o biltre, com a
bomba bem entalada na garganta, impante de vacuidade cívica e espumando de
impotência intelectual, ku folgu si di pifa (a expressão é do próprio) ainda
conseguiu exalar no Facebook do Nhonhô Hopffer um asqueroso e flatulento «e
daí?» Embora em anterior encarnação se achasse quadrúpede (vulgo buru na
ladera), a ratazana, vendo-se ao espelho da sua bestialidade, resolveu
travestir-se de sapo, na esperança de que o beijo dalguma extraviada ou
extenuada musa o transforme em transfronteiriço poeta da portuguesa língua, seu
novel e propalado propósito. Talvez lendo o José Luiz Tavares se aperceba do
quão difícil é, afinal, a empreitada. Que fique, sem complexos, pela nossa
amada, crioula língua, onde, conceda-se com inteira justiça, o seu
conseguimento não é dos menores. Talvez, desse modo, a posteridade venha a
saudá-lo com bem mais risonha face. Razão porém tinha o enorme João Vário,
quando escreveu que a arte ainda não melhorara o homem.
No seu complexo de serventuário de modos totalitários de
conceber o mundo e a vida, quando não mesmo industriado em repulsivas técnicas
e tácticas bufas, lá se refere, sem mencionar uma única vez o nome, a este
poeta de corpo inteiro como «o escriba, e o artista de blazer». Ó barbosa
criatura, tanta kaka por um simples blazer, que um março friorento me obrigou a
portar, embora saibamos todos que esse cacarejo canalha, esse chungoso e
covarde textículo, essa prosa excrementícia exalada a más horas das entranhas
envidiosas, tem a ver apenas com a sublime sova que arreei sobre vossas
nulidades fraudulentas, travestidas de academistas. Mas seja. Antes janota de
blazer do que a alma de lacaio, a espinha dobrada e as barbas conspurcadas
pelas migalhas lambidas ora li, ora la.
Eu sei que andas comigo atravessado há muito, ngispadu
propi, desde a entrevista que concedi ao Expresso das Ilhas em julho de 2010,
na sequência da edição bilingue de Paraíso Apagado por um Trovão. E mesmo
assim, no afã ventoso de estares em todas, não te coibiste de aparecer,
ressabiado e complexado, no antigo Club Confidencial, no palmarejo, na tertúlia
para o qual eu fora convidado. Depois de teres atravessado cutelos e quebradas,
descido ladeiras até encalhares nas fundas ribeiras da tua ignorância, despido
de orgulho, ou apenas de simples pejo, a meu malicioso convite - uma ratoeira
bem urdida - lá aceitaste ler dois esconsos poemas em português, no que constituiu
uma propositada, embora subtil, humilhação de que nem te apercebeste. Aliás,
esta não foi a única vez que foste obrigado a engolir o teu próprio vómito:
aconteceu, volvidos anos, depois de rabiosas declarações em relação aos
executantes do género musical hip-hop, demonstrativas da tua aguda intolerância
e ignorância estéticas.
(Se dúvida houvesse acerca do carácter de tal criatura,
relembre-se o virulento e demolidor retrato, feito há uns anos por um irmão num
jornal aqui da praça. Mas que esperar de um pobre de espírito que, pedindo
meças aos deuses do desvario, se afirmou certa vez mais poeta do que o nosso
imenso Arménio Vieira? Esse mesmo presumido landgrávio, com a peçonha
enquistada em todos os recessos da alma, insinuou há dois anos, sem apresentar
quaisquer evidências credíveis, que Zezé di nha Reinalda não seria o autor de
Guentis d’ázagua, esse monumento de ternura às gentes da nossa terra). Mas a
mim tu não chamas «escriba», seu monco delambido, seu escarro abjecto. Eu sou
poeta com todas as letras existentes, mais aquelas que o meu engenho reinventa.
Escriba és tu, mai-los da tua igualha, que pondes a pena, a voz e a alma ao
serviço dos vossos torpes amos, que jamais são a arte, a beleza ou a simples
verdade. Eu sirvo somente, e sempre, à poesia e à minha consciência.
Não tendes estatura cívica, moral ou intelectual para
falardes comigo, nem para tomares as dores da tua comparsa. (Sagaz foi ela em
não piar no meio dos destroços provocados pela desinfestante bomba). Convosco a
única forma de (não) conversa é de esgoto para baixo, mas para tal não vou
contribuir nem com mais uma simples pitada de DDT (já bastou esta dose de TNT),
pois digais o que disserdes, em linguagem de asno ou de roedor, não conseguis
dizer nada. Népia. Nicles. Nen flatu ki fari folgu.
Ainda vos dei uma oportunidade, no dia do magnífico
espectáculo que haveis citado, de me dizeres na cara o que andastes a refocilar
por tocas e tugúrios quando vos deixei, feito estafado espantalho, com as mãos
desamparadas à cata da apropriada fossa onde metê-las (a razão mais imediata
para o seu asqueroso espumejar) mas, confirmando de que fibra moral sois feito,
preferistes ao quinto dia (bem menos levou cristo a ressuscitar) ir onanizar
mentalmente para as funduras do Facebook.
Vossa vacuidade fique a saber, se não souberas já, que eu,
José Luiz Tavares, escritor e cidadão desta terra e do mundo, não pertenço à
laia dos lacaios.
Nenhuma merda que atirardes, com pífia ou pesporrente voz,
me fará responder-vos outra vez. Nem que tenteis a calúnia ou a ofensa,
inventeis desafios passadistas de macho falho do poder do pensamento, ou mesmo
me sairdes de tocaia das alfurjas onde congeminais caninas façanhas para o dia
de amanhã. Este viril esbofeteamento verbal, para mim, e sobretudo para os
meus, que não querem ver-me a perder o precioso tempo da poesia com o visco dos
vermes, é retribuição suficiente, na medida da ofensa praticada. A honra está
lavada, o espírito apaziguado.
A resposta está dada duma vez, e para sempre, pela
consistência do meu labor criativo, pela exigência do meu posicionamento cívico
e intransigente atitude ética. Sempre frontal, dando nome aos bichos,
oferecendo o corpo às balas, combatendo com a fúria da razão esclarecida e a
sublime violência da poesia, que sempre hão-de sobrepor-se à caca com que nos
querem conspurcar.
Escrito na cidade de Boston, Massachusetts, terra de
liberdade, aos 10 dias do mês de abril de 2017.
P.S: Este texto é a resposta a um arroto de Kaká Barbosa no
seu facebook a 30 de Março de 2017.
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