A capital da ilha, a cidade da Praia, é a mais festiva, a
mais carnavalesca, a mais violenta e a mais mortal das ilhas.
Os tempos modernos apagaram o ditado de Nho Nacho, ditos
bíblicos traduzidos para o crioulo da terra: Ali bem tempo ki dizavensa ku guerra ta subi Praia "
Raton ku Raton, Ratinho ku Ratinho" . É o que se assiste na Praia.
Tais acontecimentos remam contra a propaganda entusiástica
dos poderes, das estatísticas, dos projectos, dos sonhos, da boa vida , da boa
aparência, da morabeza, de menos álcool, de mais requalificação e outras coisas
que os democratas defendem como
sociedade livre e culta que dá lições e está em primeiro lugar em muita coisa
em África, etc. etc. Os tais laços de gravata no colarinho desbocado.
Estes patrocinadores do liberalismo capitalista consumista,
defensores da difusão massiva de modas e
valores que nada têm a ver com a crioulidade das ilhas. Sabem, mas fingem não
saber, nem ver, nem agir por causa do futuro do poder.
O Pantano Perfeito está em estado avançado de edificação.
Os que se afastados do pantanal não têm mais para onde ir,
nem onde reclamar, nem contar com a justiça e as regras.
Os partidos políticos estão em campanha permanente.
As Câmaras Municipais são cartazes da propaganda do governo.
Os deputados são espectadores de si próprios.
A policia programa, vai, intervém, atua, captura bandidos,
dias depois volta a perseguir os mesmos bandidos.
O Tribunal ouve, diz não ter provas e põe fora os bandidos.
O Hospital recebe, coze, cura, interna, presta socorro,
trata de graça os bandidos, recompondo-os para novas acções.
Os bairros periféricos tornaram-se escolas de formação de
marginais, de assaltantes, de violadores, de passadores e de viciados.
A igreja recebe os assassinados, encomenda, reza, perdoa o
bandido que fica de alma limpa até o próximo delito.
O único estabelecimento onde se cumpre é o cemitério.
Os coveiros mandam todos la para baixo sem excepção e são
esquecidos e mal pagos
É o romance - O Pantano Perfeito - em construção.
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