BILHETE PARA UMA LARVA NO PARAÍSO
Hoje, recordei-me de um caso penoso. Retracto de um autêntico
pantanal, Reino natural de uma larva viridente, Chulo do afecto de folhas empilhadas.
Um mosaico a metamorfosear modos. No olhar dos quirópteros tudo girava. O tempo
parecia romancear saudades. O carpo parecia ter dó da sua origem. O retracto trazia
um busto escondido De um ser aflito por louros e láureas, De deliradas falas empilhadas
de ódio, A carpintar facas pelo tempo adentro, Sem poder dedilhar e cantar a
morna, Sem poder segurar e abraçar o violão.
Que triste fim de um sapo enturvado, Que a todo o tempo olha-se
ao espelho, Da água com se fossem pratos de barro, Poiso da cobiça e da própria
morte, quiçá seu paraíso.
Amigos e caminhos não me hão-de faltar, Amenos que me falte em
alguma parte, Uma margem de silêncio para me repousar.
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