Exercitando Declives
Listrado caiu o mirar de espanto no
pátio vestido de tarde lilás.
O jogar das curvas da tua essência, o breve
fantasiado de tua moldura afável prendeu as minhas ânsias, arredondou-me a flor
da pele, derreteu-me a boca e o falar.
O brilhar dos teus nos meus modos, o sorrir, a
leveza das mãos,
a tua pele cor de noite lobrigou os meus cinco
sentidos.
A tarde lilás, fresca e relampejada de paixões
fulgiam como raios.
Amei-te logo como o pastor errante ama o longo
chão da sua ventura.
Amei-te como sinos da catedral enlaçado ao
desbotar do entardecer.
Amei-te como o vigor do verde ama a folha,
como o oásis anseia o outono de úmidos alvores.
Amei-te, sim! Amei-te antes do tempo de te
amar de verdade.
A colina do tempo que nos separa é cume da
sensatez ébria do êxtase daquela tarde lilás em que listrado caiu o mirar de
espanto diante dos teus dotes.
Hoje, sem ti, exercito declives na ladeira
íngreme das minhas insónias.
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