Para o Professor de Históra do Caboverdiano
A esperança querendo se dependurar Que o faça sem deduções nem lamúrias.
O meu boi, último a morrer, resistirá
Na pele do corpo da memória
Cheia de sonhos e folguedos do tempo de azágua.
Sob o Piku Ntóni nasceu o berço dos sentires
Sob as árvores da Bolanha o ninho da liberdade
Sob o som dos grilos e da folhada o mister
Dos poemas e as músicas da minha inocência.
E foi o meio do mundo a gerar os caminhos
Os mitos, as lendas, as bruxas, a expectativa
Em mim cativa na vida que ainda vive.
Pelas lutas
Pelas crenças
Pelos caminhos
Pelos louros e fragores, lacrimejarei jamais.
Nem pelo fim da esperança.
Fá-lo-ia pelos velhacos da terra
Cuja esperança é último a desaparecer
Hoje,
Sentia-me feliz se a velha esperança pendesse
No madeiro desta idade que ainda caminha
A terra pelo mundo impossível de agarrar.
Que o faça sem vaticínios e sem lamúrias.
O meu boi, último a morrer, resistirá
Na pele do corpo da memória
Cheia de sonhos e folguedos do tempo de azágua.
Kaka Barboza
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