sábado, 21 de março de 2015

RAPIZIUS


 
ASSOMADA ACT – REFLEXÕES PERIÓDICAS
 
A Associação dos Amigos de Santa Catarina nos moldes para que foi criado extinguiu-se e é de difícil resgate mesmo mantendo os ideais. Assomada urbe em metamorfose para ser cidade precisa gerar o que se convencionou chamar de movimentos cívicos, grupos sociais interventivos, especializados em disciplinas concretas, inteiramente despartidarizados, mas com objectivos claros e acções programáticas também claras, para gerarem o grande movimento cidadão para a cidadania.
É o que se está a desenhar em Santa Cruz, para onde sou chamado a colaborar com a minha experiencia, a começar pela valorização da cultura local, seus agentes e as figuras que contribuíram para o bom nome e pela dignificação do Concelho. Diga-se que esta é uma iniciativa dos jovens, dos músicos e dos jovens poetas populares. Está a dar-se o tal despertar de energias “ostracizadas” e torná-las úteis na comunidade, entenda-se por comunidade os poderes instituídos, as instituições da protecção social, do ensino, da formação profissional e das artes no geral, incluindo os agrupamentos cívicos em redor de interesses específicos etc. Criar novas entidades participadas por cidadãos é o mesmo que abrir corredores de ampliação do conhecimento do meio envolvente, poder avaliar e conceber soluções.
Para mim, no estado em as coisas estão, basta olharmos para o afastamento deliberado ou não dos quadros de Santa Catarina, basta avaliar que participação destes tida ao longos dos anos do municipalismo ou seja da descentralização da administração pública, em favor dos municípios. A ideia com que fico é de quase nada. A isto deve-se em parte à quebra da confiança e a degradação da reserva moral na sociedade em Santa Catarina e particularmente em Assomada, vítima de abalos ruinosos pelas sucessivas investidas demagógicas e detractoras do comprometimento e da confiança dos cidadãos mais ousados, daqueles que, portadores de experiencias outras não foram chamados mesmo havendo diversidade de opiniões ou pluralidade de ideias.
O sistema da corrupção e do clientelismo político desarmou o legado de boas práticas, confinando os críticos da situação instalada na posição de marginais. Em Santa Catarina não há sociedade civil na óptica correcta do termo. É retórica. Existem grupos e comunidades segregados pela arrogância e ganancia do poder e jogos de interesses frontais ao do chamado “jogo democrático”. Os partidos políticos sediados no Conselho devem refundar os conceitos de militância, de liderança e de prática política, devem apostar na reconversão dos procedimentos e adequar o seu perfil de modo a acertar para aceitar as diferentes correntes de opinião, muitas delas sediadas em grupos que se interligam através das redes sociais e outras formas de convívio e de diálogo.
Verifica-se que mudou radicalmente os níveis de confiança e de relacionamento dos cidadãos com os partidos políticos, com as instituições e inclusivamente com as lideranças, muito por causa de comportamentos, de acções e medidas avulsas sem correspondência directa nas pessoas, ou porque se tomadas visaram a satisfação da clientela politica (potenciais votantes) originando deformações, afastamento e indiferença. No bom dizer da terra ORAS KI BU LAGADJI, LAGADJIDU TA FICA.
Pensar e dizer SomadaAct é no mínimo um acto ridículo e doentio. Declarar SomadaAct como evento marcante ou celebrante de teatro é de todo um acto falido de boas intenções. Tentar trazer do MindelAct, o Act, como acto vinculativo do teatro em Assomada, mais antigo que o de Mindelo, é para quem que de cultura e para a cultura nada de nada tem e nem tem para a dar. Abendiçoado seja OTACA, que engendrou para si e para o teatro de Santa Catarina o que chamou de Oficina de experimentação e de resgate da história e do espírito das gentes das ribeiras.
Apagar ou ignorar a memória e a história é tornarmo-nos turistas vagabundos na nossa própria casa, onde os nossos avós anteviram o futuro.
kb
 

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RAPIZIUS

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