segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Floris d'Ibyago



Hoje abri as janelas e olhei o pátio vazio. Não tem pombos, os pardais foram para longe, os meninos não regressaram às aulas, as festas gastaram tudo, as persianas estão trancadas, os vagabundos acantonaram-se.
Tempo carrancudo, tosse e falta de água para o banho quente...
assim é Janeiro.

Festeja e dança o meu pátio

1.
Festeja e dança o meu pátio
até embebedar a mão e a viola
mesmo se tudo parar… dança
nos braços loucos do peregrino
amo e amarei o meu pátio
de grilos a romancear a janela
de basalto rubescido de maio
de sol a escoar como formigas
festejo e danço com o meu pátio
até o entardecer das paredes
mesmo quando tudo para… festejo
o chegamento dos pardais
olho para dentro do lá debaixo
há bancos vazios e beatas de charro
olho demoradamente o envolvente
sinto-me como sou… bailante
sem mistérios para guardar
sinto-me cem por cento peregrino
bêbado de indiferença de como sou

2.
Deixem o pátio festejar e dançar.

Os vagabundos falam sem sentido
ouve-se e não se abrange… vazam-se
palavras até o fim das palavras

Olho para o subido das paredes
o corpo do pátio traz flores no falo
o vapor escarlate no sexo da tarde

Quero lá saber de quem dorme nesta hora
se o peregrino tem no bemol um sus
e dobrado bemol á espera do tempo

Finjo saber que sou maestro
para a terça não sofrer de desafino
se acontecer o detonar do mi em si


Deixem o pátio festejar e dançar.

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RAPIZIUS

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