No nosso país a àgua não é considerada património, mas sim um bem de consumo ou uma necessidade pontual. A seca, sim. Ela é mais património justamente por nos ter moldado o ser e o estar na vida. A seca reside. A àgua passa. Por ser passageira, embora sendo um bem essencial, ela não é tida por património a ser cuidado a todo o custo e a todo o tempo.
A chuva é um acontecimento periódico de celebração efémera sendo o seu aproveitamento calendarizado em função da sementeira do sequeiro. Hoje, com a construção dos diques e barragens, a percepção e a noção do que é guardar e preservar a água enquanto princípio de vida, poderá vir a se alterar no futuro. Contudo nas cidades as grandes superfícies cobertas não foram pensadas para drenar água para as cisternas. Os aeroportos por exemplo não dispôem de cisternas. Este complemento desapareceu do pensar dos arquitectos, engenheiros e proprietários de imóveis urbanos. Devia ser obrigatório mas não é porque prefere-se o mais caro - a dessalinização e a perfuração.
O grande desastre ilheu pode acontecer com seca ou inundação totais.
Se por um lado a chuva trás alegria e ajuda a relaxar pela importancia económica que tem, por outro lado transtorna pelas perturbações que trás com ela, sobretudo quando chove bem chovido. Por a chuva não ser um padrão regular ela exerce um efeito dramático sobre a nossa cultura que por sua vez dita o comportamento dos indivíduos.
Uma estrada obstruida, um aqueduto destruido ou simples acumular de àgua frente ao gimno ou frente ao palácio do governo a comunicação social anuncia inundações como se as urbes entrassem em pânico, mesmo sendo curta a presença dessas àguas. Mal chova os funcionários e os empregados não comparecem nos seus locais de trabalho, desculpando-se que ela não os deixou sair de casa. Nas urbes quase que tudo pára quando chove.
Enquanto os camponeses trabalham e deslocam-se debaixo da chuva e em chão lamacento, os citadinos temem molhar-se e pisar a escassa lama alimentada pela chuva.
O quadrilátero inevitável que se chama AZÁGUA em que o homem, a terra, a semente e a chuva FORMAM os seus lados perfeitos é a base fundamental da nossa existência neste pedaço de chão torrado que queremos dar outra vida que não a da sobrevivencia, apenas.
Não se pode amar do que não se cuida ou não se cuida do que não se ama de verdade.
Afinal, o que é que amamos em Cabo Verde?
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
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