domingo, 21 de janeiro de 2018

Tabuleta digo Fabuleta



              A FESTA DOS CORVOS

«A ladeira está acima dos interesses mesquinhos dos times políticos». É o fastidioso grasno a escapulir do céu-do-bico dos corvos, bichos que deviam tudo fazer na vida menos revirar na política, embora o ditado antigo afirmar que Ómi rokadu ta koima santxu - o mesmo que dizer - homem sem saída coima o macaco - santxu animal selvagem. 
Fartos de ouvir sair do céu-do-bico dos corvos a mesma coisa as aves e os animais de casco e de unhas afiadas mais atentos não compareceram à festa do palanque esverdinhado de verdades helicoidais, tendo ao centro o corvo chefe de pé sobre o tapete azul, rodeado de amigos fixes e amigos da coligação corvídea a grasnar em uníssono projectos-projectos em prol da edificação de uma terra de festa para todos e de animo para todos, de envolvimento sustentado, de maior crescimento da pandega, de mais aparência e ostentação, de mais bailes e festivais, de mais ursos, de mais sabura porque depois de sabe morrer não é nada etc etc. e não podia ficar sem se referir a terra sem medo de lobos vestidos de cordeiro. 
No meio da euforia apareceu o cão vadio a ladrar alto: fingir que não há heróis é contra-revolução. Em resposta o rato gritou: não concordo, isto de haver protagonistas é uma farsa. O gato, sempre desconfiado, lembrou que cutumbembem que nunca dava a cara era o ideólogo do golpe que levou corvos ao poder. Mentira, piou as aves de rapina e seus compadres. Então o burro lembrou-se de dizer que república da banana é para macacos e não para o gado que sempre soube onde pastar. Retorquiu o peru, havendo pasto não há lugar à manifestação e ocupação de estradas e vias, praças também. Ouvindo isso, o corvo chefe aplaudiu, mas a cabeça estava na  merada onde a família corvídea festejava e porfiava quem seria o próximo a suportar a festa da colocação dos tapumes definidores de regiões de pasto e de festejos futuros. 
O diabo é que os corvos nunca se importaram com lavrar a terra, semear boa semente, agiam como se nada tivesse acontecido. Mas os animais de patas protegidas por unhas mantinham-se calados a observar tudo, inclusive o pelotão de cutumbembem sempre mergulhado na terra bufa, mas dando conta de tudo o que se passava na superfície. Porém, as lagartixas temendo ser apanhadas assomavam apenas para conferir o ambiente. Opostamente o macaco era quem mais se manifestava. Estava em todo o lado sempre a macaquear e a convidar ao circo. A galinha, coitada, temia perder os pintos para as aves de rapina. Os corvos esfaimados faziam de tudo para não deixar os pardais levar mensagens desgostosas e disseminar notícias de promessas absurdas e ameaças aos grilos e cigarras que livres cantavam em suas tocas e poleiros. Acabado de chegar, o porco interferiu, a grande questão é saber o porquê de os corvos não primarem pelo equilíbrio. Mas a festa já estava no fim. Aí, o corvo chefe mandou calar o suíno, chamando-o de bisbilhoteiro despropositado, tendo o tchuko reagido com calma, dizendo, senhor corvo chefe chegou a reparar que eu nunca tirei os olhos do chão. Sabe porquê? É para não ver a sua cara nem a sua cor. Os seus grasnos inflamados a incendiar a discórdia pode correr-lhe mal um dia. Olha, mandar é uma coisa que está sempre no fiel da balança. Escuta, o cão vadio quis revolucionar o mundo com o seu ladrar acidulante e desvairado nunca o pôde concretizar. Sabe porquê! Pergunta o gado que esta ali atrás a pastar ou o cutumbembem que nunca aparece. Já reparou, senhor corvo, que o cavalo anda sempre distante disso tudo. Fá-lo porque ele sabe que a seriedade da palavra é chave que forma a vontade. O corvo chefe deu costas e juntou-se aos seus pares e aconteceu que todos os participantes se reuniram em função da raça a comentar.   

Sem comentários:

RAPIZIUS

                                                                                                         MINHAS AMIZADES COM DIAHO ...