Suicidar-se! Nunca




Cabo verde é um país ascendente em todos os sentidos da vida nacional.

Os resultados alcançados nesta década do novo milénio satisfazem, sendo visíveis os mensuráveis e, por se confundirem com os de ordem moral e espiritual, outros resultados existem e noutras medidas, tocando aqueles que realmente vivem o dia-a-dia da terra apostados em transformá-la num lugar habitável onde os homens e as mulheres possam livres e longe dos males sociais comungarem da sã convivência e da paz social em permanente afinação.

Um futuro grandioso virá se as competências e as aptidões nacionais se empenharem a fundo e forem capazes de produzir e de gerar o movimento integrador capaz de transformar a realidade existente numa outra onde cada um possa ter e gozar a sua vida de forma plena e satisfatória. Apesar dos ganhos hoje conseguidos, a transformação do país continua a exigir a adopção de medidas próprias assentes no rigor, na moralização da coisa pública, na gestão criteriosa dos recursos do estado, mais do que isso, exige o aprofundamento de noções como – a tolerância, a ética e o exercício do poder – onde também os ganhos não são de menor importância, contrariando de forma radical o que vinha na decada passada em que autênticos abusos e escândalo nacional premiavam os mentores da rabidância política, os devassos e os oportunistas.

‘Poder é kabo di xinta pa kume’ – o poder é assento para se comer no estado – era a imagem negativa retida na memória do povo. Era a frase feita repetida pelos eleitores, coisa, hoje, desmentida e afastada da esfera do poder e da governação. De realçar que os anos noventa estão pejados de perturbações e afrontas morais e politicas, onde os desvios, os desfalques, os subornos, o uso abusivo e indevido dos bens públicos aconteciam com grande frequência. A corrupção instalada era sarcasticamente chamada «padja midjo» - palha do milho – luvas que enchiam o saco dos que, impunes, a praticava como que pertencer ao esquema era adquirir o estatuto de gente podida gravitando na esfera do Movimento Ventoinha, gente essa que jamais viu rolar um pingo de suor do seu sovaco como garante dos seus bens.

Claro que persistem ainda situações menos boas e que vêm sendo agravadas pela limitação ou insuficiência dos recursos financeiros e materiais e pelos impactos negativos importados do exterior. A sua debelação é uma tarefa de gerações. Por outro lado a ideia vulgar de que o estado é pai-de-todos ainda é uma realidade e não deixa de constituir entraves sérios a um desenvolvimento mais acelerado.

Há situações e razões que devem ser bem e melhor ponderadas, sendo interessante ressaltar que, primeiro, o estado de alma, de desalento, de angústias, de atribulações de toda ordem, de desconfiança, etc. são casos que integram a vida humana e que devem ser alterados com acções positivas já que milhões de pessoas em todo mundo lutam com esses enigmas para os vencer. Por exemplo, aqui, os camponeses quebram a cabeça para encontrar água para salvarem o vigor da sua sementeira e dos seus animais. O problema parece insolúvel. Mas a solução nunca será partir a enxada, abandonar as crias e a terra lavrada ao deus dará. Lutar com inteligencia é o exigível. 

Esta luta hoje travada por todos em favor da transformação de Cabo Verde numa terra próspera e engrandecida pode gozar do privilégio de não ser vilipendiada e enganada. Por isso deve poder merecer uma boa escolha, deve poder ter um poder sério, capaz e audaz, não consegui-lo, sobretudo neste momento, é um acto suicida. Acções precipitadas, suicidas e actos insanos não devem ser praticados por mais que o desagrado atinja as pessoas que não conseguem enxergar os benefícios por elas usufruídas ou  por mais que não enxerguem as garantias por elas conquistadas.

O agravamento dos problemas do quotidiano causados pelos impactos emergentes das desigualdades ainda existentes é próprio de um país com o índice de carências como o nosso, devendo a solução passar pela aplicação prática do princípio sagrado da boa governação, pela necessidade de, diante de possíveis angústias e estados depressivos derivado da persistência de carências de vária ordem, haver gente séria e lúcida em quem confiar, possuidora da calma, da paciência, da capacidade de agir e de levar os outros a lutar e a vencer, de haver um chefe lúcido, sereno, capaz de promover a concórdia, a estabilidade e de estimular todos a construir os equilíbrios necessários para se alcançar uma vida sã e feliz. O contrário é suicidar-se.

Destruir o próprio corpo, a própria vida, como aparente solução é uma decisão absurda. Vejamos os problemas como autênticos desafios de aprendizado, nunca como castigos ou questões insuperáveis. Tudo tem uma solução, ainda que difícil ou demorada. Em boa verdade é preciso resistir sempre aos embates do quotidiano com muita coragem e determinação. Viver em paz é algo extraordinário. Para quê, então, entregar-se ao desespero?

Mudar sem saber o porquê é um dos maiores equívocos humanos, para não dizer o maior. A pessoa sente-se pressionada por uma quantidade variável de desafios, que julga serem problemas sem solução, e precipita-se na ilusão da mudança. Sim, ilusão, porque ninguém consegue auto-mudar-se sem conhecer como o fazer. Mudar por mudar agrava as dificuldades e nenhuma pessoa em perfeito estado de animação, experimenta com os horrores próprios, para depois se arrepender, ficar com remorsos, sem possibilidade de retorno imediato para refazer a própria vida. O homem cabo-verdiano jamais foi negligente ou suicida.

Meu amigo, minha amiga, pense no tesouro que é um Cabo Verde de paz e de concórdia! Jamais te deixes enganar pela ilusão ‘mudar por mudar’. Que não te perturbe nem a dificuldade, nem a canseira, nem a carência material. Confie, meu caro, no futuro da tua grande terrinha, na dimensão positiva do homem cabo-verdiano e prossiga!

Suicidar-se, nunca! KB

RAPIZIUS

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