O horário do voo foi cumprido e, dez minutos depois, estava
eu na ilha do Maio, quando eram 09H40. O visitante sentado a meu lado era
europeu. Conversando, ele comentou: a tarifa aérea de 5.074$50 (Praia/Maio), equivalente
a 46,02€, dava para muitas milhas dentro da europa. A conversa foi interrompida
pela aterragem no aeroporto local. Era sexta-feira e o dia estava pardacento.
Em Março o nordeste costuma puxar muita poeira da parte desértica do continente
para esta zona do trópico, ofuscando a visibilidade. Sempre achei Maio uma ilha
graciosa e de parecença incomum. Ela goza do privilégio de ter uma população trazedora
duma vivência de sossego e de paz, embalados pelo rolar saltitante do mar nas areentas
praias e pontas calcárias, marcos antigos erigidos sob o peso do silêncio primitivo,
recurso exótico, que confere à paisagem identidade própria e qualidade de vida
impar (por explorar e valorizar), oferta de luxo para todos quantos procuram a ilha
e sua capital, Porto Inglês, para relaxar, viver, trabalhar ou augurar
projectos económicos. A longa e bela marginal (em obras) trará outra aparência
á baixa da cidade porto de antigos baleeiros, marcada por pontos figurativos e marcos
históricos.
Contrariamente ao bulício das grandes cidades, onde, praticamente,
ninguém é para ninguém, Porto Inglês, vilas e lugarejos, oferecem ao forasteiro
acolhimento e convívio, modéstia e simpatia e um elevado grau de civismo reflectidos
na configuração da urbe (em expansão) das ruas e das redondezas com elevado
grau de limpeza, cuidados que, mantidos, conferem grandeza e bom nome social á
ilha. Defendo a ideia de que o progresso económico e social da ilha, de modo
algum, deve danar e esvaziar a reserva moral e os valores cívicos protegidos
pelas famílias e pelas colectividades.
Oriundos de Santiago, ilha vizinha com grande impacto na sua
vida económica, possuem afazeres comerciais, e, ou pequenas realizações voltadas
para o turismo (em stand by), expectando o futuro que se desenha promissor
neste sector da economia. São vários os estrangeiros europeus que elegeram
edificar casa própria, caso de ponta preta, passando na ilha a maior parte do
ano, ou então estâncias turísticas (inacabadas pelo impacto da crise), residenciais
e restaurantes mitigados, reflectindo o exíguo mercado turístico, marcado pela anomalia
dos transportes (marítimos e aéreo) pelo deficiente provimento de géneros e
víveres, pelo fraco fluxo interno e externo de visitantes, quiçá, agregado à fraca
ou nula promoção do destino Maio pelas agências de turismo ali sediadas ou fora
dela, carências que indicam que Maio precisa conectar-se a um projecto forte que
ofereça pacotes de estadia variados com tarifas convidativas e bem ajustadas à
qualidade de serviço a prestar-se pelos emissores e recebedores do tráfego.
As tarifas de 5.074$50, por passagem aérea e de 2.900$ e
2.750$, mais taxa turística, de dormida por individuo, em residenciais de 8, 10
a 15 camas, podem não ser onerosas para alguns, porém, potenciais visitantes
internos cientes de querem variar seus fins-de-semana numa ilha diferente não o
fazem. A ilha do Maio tem muito para oferecer e agradar os visitantes, desde
que bem orientado e utilizados os recursos presentes, comida, estórias, crenças,
cultos, romarias, teatro e música e o que há de mais sentido e fundo na vida
maiense – o exotismo do seu silêncio.
Olhando para o motivo que me levou á ilha devo indicar que a
Conservatória dos Registos, as Finanças, a Câmara Municipal do Maio, o Banco Comercial
do Atlântico, a Residencial Marilu, a Esplanada o Corsário, foram serviços que me
acolheram e saliento a simpatia e o bem servir em qualquer um deles. Olhando
para os amigos gradeço bastante o Ex-Delegado Escolar Sr. Adalberto, o
empresário Sr. Jorge, os músicos Tibau, Mike e Manuel, o director da Cultura da
Camara Municipal do Maio, as professoras e os professores, (vários de Santa
Catarina), à Dona Nhunha, ao Zé Enes, ao morador suíço Sr. Markos, às professoras
e amigos da Calheta, aos jovens anónimos que estimaram conhecerem-me em vida. A
todos vós, caros amigos, o meu muito obrigado pela amizade e simpatia.
De forma particular agradeço o Presidente da Camara
Municipal do Maio, Sr. Manuel Ribeiro, pela visita de cortesia a mim concedida
e a gentileza de acolher as ideias de valorização da cultura e do bom nome do
Concelho que esforçadamente dirige.
Finalmente, peço à Srª Ministra que tutela o turismo o favor
de colocar na sua agenda de trabalho uma visita ao Maio, para avaliar e propor soluções
viáveis para este sector de actividade em stand by.
Voltarei para vos abraçar a todos.
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