Foto: Estes bicinhos foram vistos em Rui Vaz
Foto: Este Hiaci foi visto em Serra Malagueta - Stª catarina
O amor pelo grogue não se percebe. Não dá para perceber. O amor por ele é um estado de quem se sente vivinho da silva. O trapiche ama a cana em cio a desabar. A desabar e a correr atrás do alambique, já que cana é sogra da garrafão e genra da garrafa e primo-irmão de primeiro grau do copo que por sua vez é compadre do balcão.
O grogue é sempre uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária, é bonita e não faz mal. Que se invente e se minta e se sonhe o que quiser. O grogue é um bilhete de viagem que pode matar, pode inspirar, pode dar e tirar vida, pode cortar o calor, pode combater o frio, pode curar, pode ajudar a lembrar, pode fazer esquecer, pode desiludir, pode desinibir, enfim pode levar o homem a ser homem, por muito desesperado que esteja.
Em última instancia o grogue propicia uma boa noite conjugal, de serenata ou de guarda cabeça, além de ajudar a " tra spésse y tra boka de morto".
Odeio esta mania de gostarem do grogue às escondidas. Odeio as novas bebidas. Todas elas, incluindo o xarope. Para onde quer que se vá, não há outdoors a promover o grogue. É falta de patriotismo. Grogue é grogue, digo, cana é cana, quer dizer, grogue é cana. É beleza porque inspira. É perigo porque é transparente. O grogue em si é um bom blogue.
O bom grogue não é para nos compreender, nem para nos ajudar, nem para nos fazer felizes. É para nos provocar. Tanto faz. É uma questão de azar. O grogue não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, mas para dentro da nossa gaiatice. Somos todos bêbados sem beber. Quando bebemos somos santos. A vida às vezes mata a vontade de viver e o grogue não, porque bebê-lo é uma conveniência à morte.
O grogue puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. É veneno que nos alimenta. Tem tanto a ver com a vida de cada um de nós como a cachupa.
O bom grogue não é para nos compreender, nem para nos ajudar, nem para nos fazer felizes. É para nos provocar. Tanto faz. É uma questão de azar. O grogue não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, mas para dentro da nossa gaiatice. Somos todos bêbados sem beber. Quando bebemos somos santos. A vida às vezes mata a vontade de viver e o grogue não, porque bebê-lo é uma conveniência à morte.
O grogue puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. É veneno que nos alimenta. Tem tanto a ver com a vida de cada um de nós como a cachupa.
Foto: Este Hiaci foi visto em Serra Malagueta - Stª catarina
O amor pelo grogue não se percebe. Não dá para perceber. O amor por ele é um estado de quem se sente vivinho da silva. O trapiche ama a cana em cio a desabar. A desabar e a correr atrás do alambique, já que cana é sogra da garrafão e genra da garrafa e primo-irmão de primeiro grau do copo que por sua vez é compadre do balcão.
O grogue é sempre uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária, é bonita e não faz mal. Que se invente e se minta e se sonhe o que quiser. O grogue é um bilhete de viagem que pode matar, pode inspirar, pode dar e tirar vida, pode cortar o calor, pode combater o frio, pode curar, pode ajudar a lembrar, pode fazer esquecer, pode desiludir, pode desinibir, enfim pode levar o homem a ser homem, por muito desesperado que esteja.
Em última instancia o grogue propicia uma boa noite conjugal, de serenata ou de guarda cabeça, além de ajudar a " tra spésse y tra boka de morto".
O grogue é o símbolo mais vivo da nossa global-caboverdianidade-.
A bafa é uma coisa, o grogue é outra.
O grogue dura a vida inteira e a vida dura enquanto se pode tomá-lo.
Grog é pa kenha ke sabê bibe-l. Cantou Luís Kabel.
Kb.
3 comentários:
Não sou apologista do Grogue (e nem bebo), mas adorei este "ode" ao Grogue.
Vim cá parar por acaso, mas adorei tudo o que li, desde a casa do Mantorras, até ao liton Brabá.
Só queria deixar estas palavras.
Abraço
Obgdº pela vitita.
Vai um cálice p'ra ocê.
Abrç Kb.
"é sogra da garrafão e genra da garrafa..."
Essa "genra" é liberdade poética ou o autor terá se esquecido da nora?
De qqer modo gostei do texto.
Abç
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