Tera de Aberações
Aqui a aberração é de tal sorte que: um fulano deu um muro
no murro por causa duma barrata. É aberante, não é?
Bem vamos ao que proponho para hoje. Orçamento. Todo o mundo
sabe o que é um orçamento. Um documento que sistematiza sonhos em números. Quem
sonha fazer uma casa pensa logo no orçamento, com que dinheiro e onde ir busca-lo.
Foi o que aprendi com o meu falecido pai. Fala-se muito do orçamento do Estado,
desbocadamente, como se o dinheiro já está encaixado na tesouraria pública, e, agora,
é só gastar em coisas. Falso, isso.
De um político ouvi dizer que o Orçamento do Estado para
2015 não traz esperança para os caboverdianos. Quando eu era deputado o
Parlamento organizou uma formação em legística para os deputados. Em boa
verdade os sabichões não marcaram presença. O orador era versado matéria de Orçamento
e Lei do Orçamento. Era um expert português, Dr. Professor em direito, com
elevado conhecimento e experiencia no assunto. Disse em determinado momento: “O
Orçamento do Estado não é um instrumento para combater a pobreza. Em parte
nenhuma do mundo. A pobreza combate-se com outros meios em outros orçamentos. Não
com o OE. O OE é para fazer funcionar o estado para servir os cidadãos que são os
pagadores dos impostos. O OE é para criar eficiência e transparência na gestão
da coisa pública. Nenhuma lei deve ser feita e aprovada sem se conhecer os
custos que ela impõe a sociedade”. Ponto final, para bom entendedor.
Enquanto deputado
e membro da Comissão Especializada de Finanças e Orçamento, nunca as receitas
do estado ultrapassaram os 43 milhões de escudos, ou seja, este montante é que
faz funcionar o estado na sua plenitude, incluindo a custosa democrança
instalada, que a Constituição nos impõe para agradar os Gês dos países que
detêm o poder financeiro e dão-nos ajuda financeira sem a qual as aberrações
eram maiores. Aqui na CVLandia! Onde ir buscar mais receitas? Onde tributar? Se
os impostos são como o Diabo que todos temem e poucos pagam. Não nos iludamos. Cabo
Verde não tem canela para aguentar tanto falatório oco de práticas, tanta invencionice
democrática, tanta tolerância excessiva, tantos prometimentos, tantas exigências
e calvo de honestidade intelectual.
O pior das aberações é que está na política vários Nhôs e
Nhâs que andam a pilar ovos na cloaca do pássaro. Na terra de aberrações
é normal.
KBarboza